
É incrível a maneira como este vendaval dentro do meu peito nunca se desfaz. Impressionante como cada gota de chuva que caí sobre meu peito faz um barulho atordoante, a ponto de estilhaçar meu coração.
Não consigo distinguir o que é caco e o que é gota. Pois o frio do vendaval me congela por dentro.
Fazendo tudo endurecer, feito pedra
As vezes me pergunto se algum dia este vendaval terá um fim. Já quase não suporto mais a convivência com tanta frieza. A maneira como a natureza me castiga é deprimente.
Me faz querer recuar pro infinito escuro, o qual, ninguém sabe se é real. Aquele infinito que todos dizem ser o abismo.
E aí me questiono novamente: - Já não o estou habitando?
Impossível continuar nesta ternura de solidão gélida e sem cor.
A chuva me castigou sem dó nem piedade, destruindo tudo em meu interior. E a única coisa que sobrou em mim, foi minha parte externa. A única parte intacta. E a única parte que não foi afetada, porém, já não mais viva também.
Estou inteiramente devastada, pela chuva. A chuva que veio junto ao vendaval. O vendaval da desilusão. A desilusão do amor. Do amor da vida.
E agora, não estou mais vivendo. Apenas continuo viva. Sofrendo.
Com frio, neste gélido vendaval.