Todos os texto redigidos neste blog, são da autoria de Gabrielle Stuque.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um certo Alguém


O que eu quero eu não sei se ainda existe.
Quero alguém que me abrace com ternura, com verdade. Quero que este abraço não seja envolvido apenas pelos braços do alguém, mas que seja envolvido pelo calor do sentimento.
Quero alguém que me olhe nos olhos profundamente. Quero que este olhar não seja apenas um olhar sem motivo, pois quero que o motivo seja o carinho.
Quero alguém que ao me olhar, me admire, e me julgue. Mas que este julgamento não seja apenas com minhas qualidades, mas também de meus defeitos. Quero alguém que saiba falar o que sou, e como sou. Mas quero que ao falar, as palavras tenham vida, e sejam intensas...
Quero muito mais do que se pode ter, se pode ser, e se pode encontrar...
Talvez por querer demais, acabo não tendo.
Quero alguém que me ligue todos os dias, ou pelo menos alguns dias da semana. Mas estas ligações não podem ser feitas pela obrigação, e sim pela espontaneidade. Quero que este alguém sinta vontade, desejo, necessidade de me encontrar.
Vontade de estar comigo. Desejo de me olhar, sentir o meu amor. Necessidade de suprir a vontade e o desejo. Mas que tudo seja recíproco.
Quero alguém que me de a mão. Que segure minha mão. Que me ajude a caminhar.
Não quero ser carregada, apenas quero ter alguém para deitar no colo. Quero alguém que seja um Amigo. Mais que Amigo. Irmão talvez.
Certo alguém que saiba me entender, ou pelo menos tente.
Certo alguém que não me prometa absolutamente nada. Que não jure amor, não jure carinho e não jure lealdade. Quero alguém que simplesmente se deixe envolver, sem medo, sem malicia.
Quero alguém que leia o que escrevo, e mais do que isso, leia e entenda o que escrevo.
Quero alguém que não force, não pressione. Mas que não desista.
Quero alguém que aprecia a vida. Que gosta de Amar.
Simplesmente amar.
Quero alguém que se ame.
Querer não é poder, não é ter. Nem tudo o que queremos é como é.
Sinto que o que quero é irreal, ilusório. E que talvez, este alguém jamais irá aparecer.
Pois quero demais, e por querer demais acabarei sem ter.
Mas... Eu aqui, só, pensando, eu e eu... Eu e minha solidão... A única coisa que eu queria, é alguém que fosse de verdade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A um ausente ( Carlos Drummond de Andrade)

Tenho razão de sentir saudade,

tenho razão de te acusar.

Houve um pacto implícito que rompeste

e sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescência

de viver e explorar os rumos de obscuridade

sem prazo sem consulta sem provocação

até o limite das folhas caídas na hora de cair.



Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.

Que poderias ter feito de mais grave

do que o ato sem continuação, o ato em si,

o ato que não ousamos nem sabemos ousar

porque depois dele não há nada?



Tenho razão para sentir saudade de ti,

de nossa convivência em falas camaradas,

simples apertar de mãos, nem isso, voz

modulando sílabas conhecidas e banais

que eram sempre certeza e segurança.



Sim, tenho saudades.

Sim, acuso-te porque fizeste

o não previsto nas leis da amizade e da natureza

nem nos deixaste sequer o direito de indagar

porque o fizeste, porque te foste.


___

Estou tão em conflitos comigo mesma, que mal consigo me expressar, e por sorte, lendo poemas (mais que lendo, viajei com eles), encontrei este do MARAVILHOSO Drummond! É exatamente o que estou sentindo.
Sem mais.